O Cane Corso Italiano e o seu papel nas fazendas da Puglia no início do século XX
No início do século passado, na região da Puglia, no sul de Itália, o Cane Corso Italiano era muito mais do que um simples cão de companhia — era um verdadeiro parceiro de trabalho para os fazendeiros. Esta raça, descendente direta dos antigos molossos romanos, manteve ao longo dos séculos a sua reputação como cão de guarda, de proteção e de trabalho multifuncional nas zonas rurais.
Nas propriedades agrícolas da Puglia, o Cane Corso era utilizado principalmente para proteger o gado e a propriedade. Com o seu físico robusto, olhar atento e instinto territorial apurado, era capaz de afastar ladrões, predadores e até intrusos humanos que pusessem em risco os bens do fazendeiro. Diferente de outras raças mais especializadas, o Corso era valorizado pela sua versatilidade: servia tanto como cão de guarda noturno quanto como acompanhante de confiança nas tarefas do campo.
Além da guarda, o Cane Corso desempenhava um papel importante na condução de rebanhos, especialmente de porcos e bovinos. A sua agilidade, força e inteligência permitiam-lhe ajudar a guiar os animais de um pasto a outro, mantendo-os na linha sem causar pânico. Em muitos casos, também era usado na caça ao javali, um animal comum nas florestas da região, exigindo coragem e resistência — qualidades abundantes no Corso.
Fora das funções práticas, o Cane Corso era profundamente respeitado e estimado pelos fazendeiros. Era comum viver em estreita convivência com a família, sendo muitas vezes tratado quase como um membro do lar, devido à sua lealdade, discernimento e instinto protetor.
Infelizmente, com a mecanização da agricultura e as mudanças sociais do século XX, o papel do Cane Corso nas quintas italianas foi diminuindo, levando quase à extinção da raça. No entanto, graças ao esforço de criadores dedicados, principalmente nas regiões do sul como a própria Puglia, a raça foi recuperada e voltou a ganhar o reconhecimento que merece.
