sábado, 21 de novembro de 2020

Resumo dos meus 10 anos no Cane corso

 Pensamentos de um criador

Um resumo dos meus 10 anos de Cane corso. 


O cão mais cane corso que vi em Portugal foi sem dúvida "máximo de vale de touros"(tenho muita pena de não ter um fotos apenas) , já só tive o prazer de o ver com cerca de  7 ou 8 anos mas a a minha memória fotográfica não me deixa esquecer aquilo que se tornou para mim o ideal de um verdadeiro cane corso.

O máximo descendia de uma linha de sangue muito típica e  inteiramente importada pelo Jose Manuel (um verdadeiro  pioneiro e  guru da raça português) do canil Dell'antico cerberus, era possível ter uma percepção de raça observando a homogeneidade dos seus exemplares mais antigos, homogeneidade essa que foi arruinada com a introdução de um cão cinzento atípico da raça. Na altura ganhavam vida  em Portugal 2 linhas distintas  as culturas do "tipo boxer" e "cães com grandes cabeções e 70 kgs" enquanto o canil de vale de touros caia no esquecimento. Lembro-me de ver um proprietário de uma cadela de 43 kgs ser gozado num encontro de Cane corsos por ter um labrador, na altura poderia até fazer sentido, mas hoje sei que essa cadelinha ainda está viva e de boa saúde, mas sei que muitos dos Cane corsos jovens que lá estavam e que já tinham sessentas e tais kilos não duraram 5 anos. 

Lembro-me das tardes que passei com o Zé  no seu canil a conversar sobre tudo isso , conversas essas que moldaram certamente a minha trajetória e perspectiva da raça.

O canil de vale de touros era a  verdadeira catedral do Cane corso em Portugal era um local  inspirador . 

Mais tarde tive o gosto de conhecer Desmo dell Antico Cerberus que estava em Espanha no canil da Marta Garcia  e foi aí que vi o cão mais me marcou na península ibérica "Alonso" filho do desmo  e foi então  que percebi que esse teria de ser  o meu caminho, "conheci" cães como , Dante, dottore, principessa, galassia, crystal etc... estudando os pedigrees aprendi sobre Lothar, Faust e muitos outros caes que marcaram a história da raça. 

. Ao estudar a linha de cerberus tomei também  conhecimento de tantos  outros criadores  que dando continuidade à  linha de cerberus, marcaram a raça e os ringues de exposicoes com cães fiéis a mesma.

Existia a uma dada altura uma harmonia enorme entre o cão de exposição e o Cane Corso correcto e linha de trabalho(, na ótica de um amante do Cane corso tradicional as 3 são uma só) conforme cães como Dante Dell antico cerberus poderiam demonstrar, e mais recentemente "conservazionecanecorso Dell antico cerberus" e Aslan andrax gold, eros e E'india  das arenas da caparica. 

Não sei que motivos mais contribuíram para a degradação da raça .mas sei que tendências foram introduzidas na raça em Portugal, através de influências  de nuestras Hermanas nas exposições, e introdução de um ou outro cão enorme, eu diria que foi a obsessão pelo quanto maior... Melhor , ignorando tipo e morfologia. O tipo boxer não teve muita saida  em Portugal pois o cliché foi bem implementado. 

Aliado a isso foram os grupos de raça de desinformação e marketing desenfreado e as amálgamas de  experts do marketing e das recomendações cane corsianas, sedentos de sangue e que atacam sempre que avistam  um interessado em cachorros. 

Hoje em dia creio que já não há motivo nenhum para a degradação da raça, os criadores em Portugal são apenas centenas de  de pessoas a cruzar cães porque sim, "porque são nossos" "porque queremos fazer  umas coroas"  e "queremos bebés a correr pela casa" e eu compreendo perfeitamente  porque  afinal, todos temos direito a fazer as nossas cruzas tipo top 

Eu previ há 5 anos que este declínio seria inevitável a multiplicação de criadores é pura matemática , mas na realidade não está tão mal quanto eu calculei 😁

Este  texto foi um pequeno resumo dos meus 10 anos na raça, como é óbvio, muito ficou por contar 😁 nestes 10 anos conheci milhares de intervenientes, pessoas que vão e vêm, pessoas humildes que crescem e "gigantes que tombam". 

Sei que cá ando e sei que o que procuro pouco mudou.

Procuro rusticidade e funcionalidade. 

Sei que muitos não gostam desta palavra pois faz alusão ao pré recuperação mas para mim o Cane corso começou em basir. 

O Cane corso para mim é o Cane corso dos anos 90.

Procuro acima de tudo encontrar tipicidade e  homogeneidade.

Crio com  um propósito e esse propósito não é, nem nunca será satisfazer as massas de leigos desinformados.